Ácido sulfúrico superado pelos meus medos.
Sigo minha acidez,
E minha solidão,
Repleta de nudez.
Não participo do seu mundo,
E o de muita gente.
Retiro-me então,
Imediatamente.
Talvez,
No meu cantinho,
Acuado, calado,
Eu possa ser básico.
Nunca neguei,
Sou, e serei desinteressante.
Portanto, pego minha mochila,
E fico ausente.
Eu desapareço,
Com a mesma velocidade,
E intensidade,
Que desapareço.
Sou esquisito, improvável,
Poeta,
Por muitos intragável,
E completamente dispensável.
Talvez seja isso mesmo.
Que eu vá a casamentos,
Junte amigos,
Aconselhe as pessoas.
Posso ser um viajante,
Que peça pra alguém segurar a máquina,
E tirar meu retrato,
Com ninguém.
Não acredito ser,
O homem certo na hora errada,
Eu sou certo, em todas as horas,
Pra ficar sozinho.
E eu escuto,escrevo,
Mas não sai nada.
Não tenho ideia,
Apenas vejo barcos.
Eles chegam e saem.
Eu sentado no porto,
Coloco meu chapéu,
E espero outra embarcação.
Que provavelmente partirá,
Sem partir meu coração,
Até porque,
Não se parte o que está vazio.
O mar leva,
O mar trás,
E eu sigo a sina,
Já com meus cabelos brancos,
E o meu não-ainda.
E apesar de tudo,
Olho pras águas,
E vejo refletivo meu sorriso,
Deus, eu ainda existo.
Tudo utopia,tudo.
Da idealização trovadoresca,
Ao abismo pitoresco,
De uma sociedade grotesca.
Não entendem o básico,
Pois convivem com o nada.
Desconhecem o profundo,
Pois só nadam no raso.
Acham que pode ser drama,
Mas fazem da vida de um trovador,
Um estranho,
Um desconhecido.
Vejo balões num salão,
Uma festa, uma comemoração,
Sentado na cadeira estou,
Incompreendido, sem devoção.
Com chaves na mão,
Sem portas para abrir,
Sem sol para aquecer,
Sem chuva pra molhar.
Queria eu desistir,
Mas a desistência,
Desistiu de mim.
O entendimento é nulo,
A solidão é minha.